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  • Queda em preço de alimentos e bebidas ocorre pelo 5º mês seguido


  • Os alimentos e bebidas estão apresentando uma variação negativa de preços no indicador prévio da inflação desde junho. No acumulado de 12 meses até outubro, no entanto, grupo ainda tem alta de 0,69%.

O Brasil registrou queda pelo quinto mês seguido na média dos preços de alimentos e bebidas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (26) a prévia da inflação oficial do país.

De acordo com especialistas esse recuo ainda não reflete no bolso do consumidor. Apesar de essa ser a sequência mais longa de quedas nos preços de alimentos em seis anos, os brasileiros continuam a pagar mais caro para se alimentar. 

Segundo o indicador divulgado pelo IBGE a média de preços do grupo de alimentos e bebidas recuou 0,31% em outubro em comparação ao mês de setembro.

Esse número aponta uma deflação menos intensa quando comparada a junho, mês que teve início a sequência de quedas do grupo no Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). 

Do mês de junho até o mês de outubro, o grupo de alimentos e bebidas acumulou um recuo de 2,64%. No acumulado do ano, no entanto, a queda é um pouco menor, de 0,54%.

De acordo com o IBGE, desde 2017 não registrava uma sequência tão grande de taxas negativas nos preços dos produtos alimentícios pesquisados.

Naquele ano, foram apresentadas sete deflações seguidas, de junho a dezembro, acumulando queda de 3,21%.

Este ano o cenário não será muito diferente: a expectativa é que 2023 repita a mesma sequência com sete meses consecutivos de queda de preços, tanto para alimentos quanto para bebidas.

"Caso se confirmem as previsões, o indicador deve acumular queda de 3%", disse o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) André Braz, confirmando que a previsão é que o grupo continue a apresentar um recuo de preços em novembro e dezembro.

Efeito pouco notório para o consumidor

Apesar da tendência de queda nos preços dos alimentícios, a leitura dos economistas é que o consumidor ainda não notará um alívio no bolso.

Mesmo com a confirmação da deflação de 3% no acumulado até setembro, "as famílias devem perceber mais uma estabilidade que uma queda nos preços", disse Braz.

A expectativa é que o grupo de Alimentação e bebidas registre uma deflação cada vez menos intensa ao longo dos próximos meses.

"Agora, vai ficar menos evidente a queda de preços dos alimentos", disse o economista André Perfeito.

Vejamos os dez produtos alimentícios com maiores quedas no preço médio em 12 meses:

-Cebola: -30,96%

-Óleo de soja: -28,74%

-Feijão - carioca (rajado): -17,74%

-Fígado: -17,58%

-Leite longa vida: -17,1%

-Peito: -16,8%

-Filé-mignon: -15,97%

-Óleos e gorduras: -15,57%

-Abacate: -15,36%

-Abobrinha: -15,01%

"O que vai fazer as pessoas consumirem mais é aumento da renda. O rendimento médio está estável em relação à inflação. Os dados do mercado de trabalho mostram aumento da população ocupada, ou seja, a massa salarial está subindo, mas a renda em si continua estável", apontou.

Orçamento mais tranquilo para comer mais e melhor

De acordo com Braz, quando a alimentação fica mais barata, por ser essencial, ela abre espaço para acomodar outra despesa no orçamento doméstico.

Famílias com rendas menores, esse cenário se reflete na compra de mais comida, sobretudo aquelas em situação de extrema pobreza, que se alimentam apenas com o básico.

"A família em extrema pobreza incorpora algo mais nutritivo na alimentação, uma proteína, como a carne ou o frango. Ou seja, ela come mais e melhor quando a alimentação fica mais barata", enfatizou.

"Alimentos ficando mais baratos diminuem o custo de vida dos menos favorecidos. Se a comida fica mais barata é um alivio imediato no orçamento de famílias mais humildes e permite que elas consumam outras coisas, inclusive outras comidas", reforçou Braz.